Desde o início do ano, o mundo tem vivido tempos difíceis em decorrência do novo coronavírus, onde todos tiveram que mudar hábitos e ter um cuidado maior com sua saúde em prol da vida. Neste contexto, algumas pessoas estão mais suscetíveis e vulneráveis a doença, chamados grupo de risco, entre eles, as gestantes.
Carlos Roberto Espirito Santo, médico ginecologista, obstetra e ultrassonografista, destaca que as mulheres grávidas precisam se resguardar, uma vez que neste período elas ficam com sua capacidade imunológica com certo grau de deficiência. “Desta maneira, estão propensas a evoluírem para quadros mais graves de qualquer infecção”, alerta.
O profissional salienta que o coronavírus sempre existiu, porém está com um comportamento absurdamente diferente. “Todos ficamos impressionados com a maneira agressiva que o vírus se comportou, levando a morte muitas pessoas. Estamos tateando em termos de tratamento e cuidados, sobre a forma como acomete o nosso organismo”, pontua.
Espírito Santo diz que, felizmente, a Covid-19 não tem se comportado como foi com a H1N1. “Naquela ocasião, um grande número de gestantes acabaram adoecendo, muitas delas graves e que acabaram morrendo, o que não observamos agora. Ressalto que estou falando de hoje, talvez daqui 15 a 20 dias isso mude, pois o comportamento do vírus está muito errático”, assinala.
Ele explica que a mulher tem risco de se contaminar em qualquer período da gestação. “Porém aquela que adoece na segunda metade do período gestacional acaba atingida de forma tão grave e severa que é preciso interromper a gestação para tentar salvar a mãe e o bebê. Se identificou a presença do vírus na placenta, no líquido amniótico, passando a barreira placentária”, alerta.
O obstetra comenta que o problema maior é que estas mães têm que ser submetidas a cesária precocemente. “Com isso nascem bebês muito prematuros, que tem dificuldades de respirar, já que não estão aptos a fazerem esta troca gasosa de oxigênio por sangue, causando dificuldade respiratória, que é justamente onde o Covid-19 acomete”, observa.
O médico chama a atenção para o surgimento de casos gravíssimos em mulheres que de 10 a 20 dias após o parto foram infectadas pelo novo coronavírus, onde algumas evoluíram a óbito. “Entendemos que, ao ganhar o bebê, ela recupera sua capacidade de combate imunológico, se contaminam e acabam fazendo essa hiper-reação imunológica, vindo a adoecer. Que fique claro que o que estamos conversando hoje está nos terrenos da teoria”, observa.
Carlos Roberto Espirito Santo enfatiza a importância da mulher realizar seu pré-natal. “A gravidez é muito dinâmica, onde em caso de algum problema surgir ter tempo hábil para atuar. Isso somente é possível com a visita periódica ao seu obstetra, conforme agendamento orientado por ele”, acrescenta.
Uma orientação de fundamental importância, segundo o médico, é não fazer visitas para as famílias que recém ganharam bebê. “Sabemos que tem uma porcentagem de pessoas portadoras do vírus e que são assintomáticas e que podem transmitir a Covid-19. Por isso, vamos utilizar das tecnologias de comunicação, como vídeos e fotos, e preservar a gestante e o bebê”, recomenda.
Por fim, o profissional lembra dos cuidados a serem observados neste momento de pandemia. “Não vamos nos expor, evitar sair desnecessariamente, lavar as mãos frequentemente, usar máscara, evitar contato com pessoas sabidamente doentes. Já para as puérperas, imprescindível manter a amamentação”, conclui.