O ex-chefe do grupo de escoteiros Guamirim, de Fontoura Xavier, virou réu por estupro de vulnerável e violação sexual mediante fraude. A Justiça aceitou a denúncia do Ministério Público na última segunda-feira (13). Segundo o MP, a Justiça aceitou a denúncia na íntegra, porém, não o pedido de prisão preventiva feita pelo promotor. O MP recorreu na sexta-feira (17).
O homem havia sido indiciado pela Polícia Civil em outubro. A denúncia diz respeito ao relato de 14 vítimas. À época dos crimes, entre 2009 e 2014, elas tinham entre 10 e 17 anos. A advogada Claridê Chitolina Taffarel, que representa as pessoas que fizeram as denúncias, disse que os casos ocorreram há anos, mas só agora as vítimas se sentiram seguras para relatar.
Dois outros pedidos de prisão chegaram a ser feitos, mas foram negados pela Justiça. O acusado acompanha o andamento do processo em liberdade. “O objetivo é prestar contas à sociedade e fazer o alerta no sentido de evitar novos abusos e novas vítimas”, destacou o promotor Bill Jerônimo Scherer em novembro, quando a denúncia foi apresentada à imprensa.
“O MP também faz o alerta para eventuais vítimas que ainda não tenham se manifestado, por medo ou timidez, que o MP está à disposição da comunidade para receber informações a respeito de outros fatos que não sejam objeto dessa denúncia presentada hoje”, acrescentou.
Apreensões na casa do acusado
Segundo o MP, o homem montou um aparato de entretenimento com jogos, videogames, notebooks e aparelhos de DVD em suas casas, como forma de atrair as vítimas e satisfazer-se sexualmente, além de distribuir presentes, jantares e viagens às vítimas, bem como fazer promessas de custeio de cursos em universidades.
Em cumprimento de mandado de busca e apreensão em uma das casas do homem, foi encontrado um DVD de filme com o título “Abuso Sexual”, um notebook, no qual no disco rígido foram encontradas, pelo Instituto-Geral de Perícias, mais de 500 imagens contendo pornografia ou cenas de sexo explícito entre homens de idades variadas, algumas delas referentes a adolescentes.
Aproveitando-se de sua condição de chefe do grupo de escoteiros, ainda de acordo com o MP, o acusado dizia para as vítimas que estava com câncer e necessitava do sêmen delas para se curar.
Durante um acampamento, o homem contou histórias de terror e disse que uma entidade “incorporaria” em uma vítima menor de 14 anos à época, mas que iria dormir ao seu lado para protegê-lo, momento em que praticou atos sexuais enquanto a criança ainda dormia.
O grupo de escoteiros encerrou as atividades no fim de 2016. O presidente dos Escoteiros do Brasil da Região do Rio Grande do Sul, Mário Miguel da Rosa Muraro, informou que o homem suspeito de realizar os abusos estava afastado do Movimento Escoteiro desde aquele ano.
*As informações são do G1 RS