A abertura do segundo dia da 39ª Expoagas – Convenção Gaúcha de Supermercados, na manhã desta quarta-feira (24), foi marcada pela palestra do filósofo e professor, Luiz Felipe Pondé, que abordou o tema da ansiedade e propôs reflexões sobre o impacto causado na sociedade atual. O evento acontece até amanhã, quinta-feira (25), no Centro de Eventos da FIERGS, em Porto Alegre.
Pondé conceitua a temática que retrata e estuda como ansiedade de base social, ligada à estrutura de laços da sociedade e que, portanto, é anterior à vivência recente da pandemia. “Eu não preciso provar que estamos vivendo na era da ansiedade, vocês provam isso diariamente. Não se trata de ter pais deprimidos e viver desta forma, mas, sim, sobre a forma como o mundo interage com você”, provocou. Segundo ele, o período recente imposto pela Covid-19 é a principal exemplificação de ansiedade sociológica, que é caracterizada quando os mecanismos de controle não funcionam. “O momento foi de extrema aflição, pois representou a falta de gerenciamento do que se apresentava. O inimigo era invisível”, afirmou.
O tempo atual acelera diversas expectativas sobre resultados, acontecimentos e acerca do futuro em geral. “O mundo moderno é alicerçado na base do controle. Quantas coisas vocês precisaram controlar para estarem presentes hoje neste encontro?”, indagou. Outro exemplo mencionado foi com relação a crianças que nascem em meio a este contexto. Pondé afirma que os filhos são uma grande fonte de ansiedade. “As pessoas têm poucos filhos, atualmente, e há muita expectativa depositada, inclusive, enquanto embriões. Já nascem com um agenda”, disse.
De acordo com Pondé, até a felicidade é ansiogênica. “Geralmente a buscamos em lugares onde outras pessoas também a procuram. Isto acaba gerando aglomerações, consequentemente, filas e, por fim, estresse e ansiedade”. E como sair desta situação? O filósofo indica que não há saída e que é preciso aprender a conviver com os desafios. “Não é possível inventar uma forma de viver para não ter contato com a ansiedade, isso só agrava o problema. É possível proteger-se, de algumas formas, mas evitar, não”, finalizou.