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Há 2 meses na Itália, soledadense relata como está a situação naquele país

Foto: Arquivo Pessoal
Foto: Arquivo Pessoal

Itália foi um dos países que teve grandes impactos decorrentes do novo coronavírus, especialmente no número de infectados e óbitos. Após aproximadamente 60 dias de lockdown, os italianos, aos poucos, começam a retomar algumas atividades, porém outras tantas ainda permanecem proibidas, entre elas, as aglomerações de pessoas.

Carlos Alberto Bortoluzzi Filho, que há 2 meses está morando em Brescia, localizada na região da Lombardia, chegou poucos dias antes de tudo ser fechado. “Estou aqui desde o dia 2 de março. Saí do Brasil no dia 29/2 e fiz escala em Nova York, pois não tinha voo direto em razão do vírus, tivemos que ser realocados. Este foi o último voo do EUA para Itália”, conta.

Ele relata que quando chegou já havia alguns casos e que medidas de segurança foram implantadas. “Não era permitido sair de uma região para outra e alguns locais estavam fechados, porém bares e restaurantes na época continuavam abertos. Foi feita uma quarentena inicial de 15 dias, mas como os números dispararam, do dia 9 de março até 8 de maio fizeram lockdown”, pontua.


O soledadense diz que tudo ficou fechado e as pessoas tinham que permanecer exclusivamente em suas casas. “Era permitido sair apenas para ir a farmácia ou supermercado, bem como trabalhadores de indústrias muito importantes ou àqueles que trabalhavam em casas de famílias, médicos, enfermeiros e policiais”, salienta.

Carlos comenta que foram determinadas pelo governo quatro etapas a serem cumpridas. A fase 1 foi o lockdown. Agora já estão na fase 2, onde as indústrias de extrema importância estão voltando, é permitido sair de casa para se exercitar, porém mantendo à distância de 2m um do outro e uso obrigatório da máscara.

Só pode entrar em mercados com luvas, fazer a higienização com álcool em gel e sem aglomerações. Da mesma forma podem ser feitas visitas apenas para familiares, noivos e casados que moravam em cidades diferentes. “Estamos aguardando até dia 18/5 como será a outra fase, e dizem que no dia 1º/6 terá flexibilização um pouco maior, mas tudo isso depende dos números”, enfatiza.


Os aeroportos continuam fechados, então por enquanto não existe voo para o Brasil e nem vice-versa. “O aeroporto de Milão, por exemplo, faz pouquíssimos voos, nenhum internacional, até porque a União Europeia está fechada. Previsão certa de abertura não se tem, uns dizem que será neste dia 15, outros no dia 30, e cogita-se também somente em agosto”, informa.

Com relação ao respeito as regras impostas pelo governo, Carlos disse que no momento em que os números reais começaram a aparecer, fez com que a população repensasse suas ações. Há penalidades para quem descumpre, que são multas que variavam de 400 a 3 mil euros, dependendo da gravidade.

Além disso, as pessoas podem responder na justiça, se por exemplo, uma pessoa que está infectada, confirmada através de exame, tentar ir para outra região. “Eles entram com um processo pela questão que este cidadão colocou mais pessoas em risco, não só a ela, como aos demais também”, acrescenta.

Ao recordar da situação no país, Carlos diz que as três cidades mais afetadas foram Brescia, Bérgamo e Lodi. “Foi horrível, a questão dos comboios era real. Bérgamo, que foi mais afetado, teve suspensos os velórios, as pessoas que morriam já eram enterradas. Brescia tem o terceiro melhor hospital de toda a Europa e não estava vencendo o número de casos”, lembra.

Ele diz que esteve sob suspeita do novo coronavírus (Covid-19), uma vez que teve contato com pessoas que testaram positivamente. “Tive sintomas de uma gripe mais forte, e fiz o teste, que deu negativo. O hospital me ligou avisando, pois eles evitam que vá até lá, tudo é feito em casa”, relata.

Por ter acompanhado de perto a situação, o soledadense dá um conselho a todos. “Não levem o vírus como uma brincadeira, façam as medidas corretas, mesmo que algumas pessoas digam que é uma bobagem, não é bem assim. Os números são altos, aqui na Itália tem mais de 30 mil casos de pessoas que morreram. Com certeza a Europa inteira não estaria fechada se fosse apenas uma gripezinha”, pontua.

Ao finalizar, Carlos destaca a importância de se prevenir, usar a máscara, higienizar as mãos, não fazer aglomerações. “Sempre lembrar que quarentena não é férias, é permanecer em casa, fazer compras e ir na farmácia quando necessário. Todos tem pai, mãe, irmãos e avós, daqui a pouco contamina uma pessoa que não terá a mesma resistência que você e virá a óbito por descuido”, conclui.