Responsável pela sala de recursos da Escola Estadual Tomás Garcia da Costa, de Lagoão, a professora Rosemar dos Santos Müller adaptou seus afazeres desde o início da pandemia para conseguir atender os alunos do Serviço de Atendimento Educacional Especializado (SAEE). A forma de ajudar os estudantes da instituição, atendida pela 25ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), varia: às vezes manda áudio, às vezes vídeos explicativos e chega até mesmo a ir à casa dos estudantes e receber em sua própria casa quem não tem internet, para ensinar a usar o Google Sala de Aula.
Segundo Rosemar, o auxílio aos estudantes tem gerado bons resultados. Além de oferecer as atividades que já oferecia na sala de recursos, a professora apoia os alunos também na adaptação às lições das aulas regulares. “Eu tenho os e-mails deles no meu celular e vou acompanhando, vendo o desenvolvimento deles. Estão conseguindo, do jeito deles, cada um no seu nível”, observa.
Um dos estudantes atendidos pela docente é Gustavo Fritsch, que tem síndrome de down e está no 4º ano da Tomás Garcia da Costa. O menino foi até a casa da professora para aprender a usar o Google Sala de Aula e, depois, Rosemar foi até a sua casa, para explicar aos pais e aos irmãos do aluno como fazer a postagem dos materiais preenchidos por Gustavo.
A diretora da instituição, Dagmar Dias da Costa, revela que a escola costuma dar auxílio para todos os alunos especiais. Lembra que quando as aulas remotas foram iniciadas, Rosemar percebeu que os pais de Gustavo estavam com dificuldade para acessar a sala virtual e ofereceu ajuda. “Ele gosta muito de computador e, depois que aprendeu, fez todas as atividades”, revela. Nesta semana, outra aluna especial, Aline, também foi atendida pela docente.
Para Dagmar, este trabalho de acompanhamento é muito importante. “Os professores me disseram que, com as salas virtuais, os alunos especiais estão conseguindo interagir até mais do que nas salas normais”, comenta.
Acompanhamento constante
A professora Maria Goreste Rodrigues dá aula para o 5º ano à tarde e o 2º ano do Ensino Fundamental de manhã na instituição. No 5º ano, a educadora tem entre os estudantes uma aluna especial, Anelise Ortiz da Rosa, de 10 anos. Durante as aulas remotas, Maria tem conversado quase todos os dias com a mãe da menina, Aduzina da Silva Ortiz.
Ela repassa informações sobre como adaptar e conduzir as atividades. “Esses estudantes têm mais dificuldade de adaptação e entendimento, por isso oferecemos também o material físico, não só online. Aí entra a parte dos pais”, conta.
No caso de Anelise, a sorte é grande: a mãe da aluna é pedagoga e a avó era professora de Matemática, o que lhe garante um acompanhamento diferenciado na hora de fazer as lições. As 18 horas semanais de aulas que Maria Goreste leciona para a menina são complementadas por mais duas horas de acompanhamento exclusivo de Rosemar.
O resultado tem sido, conforme Maria Goreste, gratificante. “É muito legal, a mãe manda vídeos e áudios dela fazendo os deveres. Isso encanta o professor. Tem que ter muito jeito, mas, quando conquistamos a criança, é maravilhoso”, resume.
Apesar do “know how” de pedagoga, Aduzina, mãe de Anelise, admite que não tem sido fácil conduzir as atividades junto à filha. “Ela é bem braba. Tem momentos em que ela quer fazer as atividades e outros em que não quer. Mas nós conversamos com a professora da sala de recursos, com a Goreste e com a diretora, agradecemos muito a elas pela atenção”, elogia.
O desafio, neste momento, é ensinar Anelise a ler. Em vídeo enviado à professora Goreste, a estudante aparece com a mãe brincando com um jogo de cartas, cada uma com uma palavra escrita.
Quando desvira a carta, a menina precisa ler o que está escrito. “Por mais que a gente se dedique, não é a mesma coisa, até porque ela não gosta de estudar em casa. Mesmo assim, ensinamos que ela precisa estudar, para ter uma vida melhor, ler, escrever, que vai fazer falta depois”, conta Aduzina.
Trabalho intensivo
O coordenador da 25ª CRE, Alaor Baptista Chagas, relata que a regional tem um trabalho muito intensivo no atendimento a alunos especiais, contando com uma orientadora especial que coordena todos os recursos e salas especiais. No total, as escolas da coordenadoria atendem 541 alunos especiais.
“Temos várias escolas com atendimento especializado. Para este ano, tínhamos um projeto diferenciado, de ter uma equipe para ajudar a nossa orientadora especial, mas a pandemia começou e não pudemos continuar”, lamenta o coordenador. Entretanto, Chagas destaca que conta com uma grande equipe de professores especializados no atendimento especializado, que “fazem um trabalho fantástico”.