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Assembleia Legislativa aprova prática de ensino domiciliar no RS

Joel Vargas / Agência ALRS
Joel Vargas / Agência ALRS

A Assembleia Legislativa aprovou, nesta terça-feira, com 28 votos favoráveis e 21 contrários, o projeto que prevê a regulamentação da educação domiciliar no Estado. Só no Rio Grande do Sul, estima-se que mil famílias adotem a educação domiciliar, também conhecida como homeschooling. A prática é legalizada em mais de 60 países.

O autor da proposta, deputado Fábio Ostermann (Novo), assegurou que a prática não significa o fim das escolas tradicionais e a adesão também não será obrigatória. “Trata-se apenas de oportunizar uma outra opção, um outro método que se adeque às individualidades, aptidões e necessidades das crianças e jovens”, afirmou o deputado. O projeto tramitava na Casa há dois anos.

O projeto determina que os responsáveis que optarem por essa modalidade de ensino devem declarar a sua escolha à Secretaria de Educação do município por meio de formulário específico disponibilizado pelo órgão responsável. Além de manter um registro atualizado das atividades pedagógicas desenvolvidas.

Para comprovar o aprendizado, crianças e adolescentes educados no regime deverão passar por avaliações periódicas aplicadas pelo sistema regular. A fiscalização das atividades ficará sob responsabilidade do Conselho Tutelar das cidades. No que diz respeito ao cumprimento do currículo mínimo estabelecido, a fiscalização ficará sob encargo da Secretaria Estadual de Educação e das Secretarias Municipais.

A justificativa do texto afirma que há um “controle da esfera política sobre as crianças e suas famílias, assim como a necessidade de modernização de um sistema educacional”. “Para isso, a educação domiciliar surge como um pequeno fio de esperança para devolver aos pais o poder sobre os seus próprios filhos, oferecendo-lhes, também, o respeito a sua individualidade e a chance de desenvolver o seu pleno potencial”, diz o texto.

“Escola é um processo essencial na formação do ser humano”, defendeu deputado

As discussões sobre o tema se estenderam por toda a tarde e contou com a manifestação em plenário de diversos deputados. Os parlamentares contrários ao texto reforçaram a necessidade de socialização, proporcionado pelas escolas, para o desenvolvimento da criança. Além da importância que essas crianças e adolescentes frequentem espaços que não sejam apenas sob tutela da família. “Escola é um processo essencial na formação do ser humano”, defendeu o deputado Issur Koch (PP).

Outro argumento utilizado pelos deputados foi a falta de amparo legal para instituir o homeschooling, uma vez que diversas leis federais instituem a obrigatoriedade da criança e do adolescente frequente as escolas. A deputada Luciana Genro (PSol) ainda alertou para o alto custo que caberia ao Estado a realização da devida fiscalização, além de “ferir um direito da criança”.

Os deputados favoráveis a proposta reforçaram a fala de Ostermann de que o modelo não é obrigatório, mas serviria para garantir a liberdade das famílias em decidir a condução dos estudos dos seus filhos. O deputado Mateus Wesp (PSDB) afirmou ainda que algumas manifestações estariam constrangendo às famílias que optam pela modalidade, por sugerirem que elas são “incapazes” e que deveriam ser tuteladas pelo Estado.

Quanto a possível ilegalidade da proposta, o deputado Giuseppe Riesgo (Novo) lembrou o STF, em um recurso extraordinário, estabeleceu que o Poder Legislativo poderia editar lei prevendo o ensino domiciliar.

Do Correio do Povo.