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Soledade enfrenta forte estiagem e danos já são contabilizados

Soledade enfrenta uma das piores estiagens dos últimos anos, com os níveis dos mananciais hídricos drasticamente reduzidos e impactos severos na agricultura e no abastecimento de água. Diante desse cenário preocupante, o Poder Público tem buscado medidas emergenciais para minimizar os prejuízos e auxiliar a população afetada.

De acordo com engenheiro agrônomo Leandro Pazzin Brugnera, coordenador da Defesa Civil de Soledade, até o momento já foram utilizados 1.604,750 litros de combustível para abastecer o caminhão pipa, garantindo o fornecimento de água às comunidades afetadas. Além disso, foram investidos mais de R$ 33,7 mil na manutenção de poços artesianos comunitários, incluindo a compra de bombas e componentes essenciais para manter o abastecimento.

A estiagem, intensificada pela influência do fenômeno La Niña, vem acompanhada de sucessivas ondas de calor, com temperaturas frequentemente ultrapassando os 33°C e, em alguns dias, superando os 35°C. “Além da falta de chuvas, temos um calor excessivo que agrava ainda mais a situação, comprometendo o desenvolvimento das culturas e reduzindo a disponibilidade de água”, explica o observador meteorológico Paulo Henrique Pinheiro.

O déficit hídrico já compromete a safra de verão 2024/2025. Durante o plantio, especialmente da soja, as chuvas foram regulares, permitindo um bom desenvolvimento inicial das lavouras. No entanto, desde meados de dezembro, a irregularidade pluviométrica predominou. Entre os dias 20 e 25 de janeiro, por exemplo, a Estação Meteorológica do INMET registrou 84,6mm de chuva, enquanto em outras áreas do município os volumes variaram entre 0,0mm e 20,0mm, evidenciando a distribuição desigual das precipitações.

Outro fator agravante é a alta temperatura registrada nos últimos dias, que acelera a evapotranspiração da umidade do solo e impacta diretamente a produtividade agrícola. Segundo Roger Terra de Moraes, engenheiro agrônomo da Emater/Ascar, o calor extremo leva ao fechamento dos estômatos das plantas, paralisando a fotossíntese e resultando na queda precoce das folhas, abortamento de flores e vagens, especialmente na cultura da soja. “A fase atual de enchimento de grãos da soja é a mais sensível ao estresse hídrico, o que causa perdas significativas na produção”, afirma.

As perdas agrícolas mais expressivas ocorrem nas culturas de milho (grão e silagem), soja e leite, setores fundamentais para a economia local. A bovinocultura leiteira também sofre impactos severos, pois o atraso no crescimento das pastagens de verão desde janeiro reduziu a oferta de alimento volumoso, resultando na queda da produção leiteira.

O cenário é alarmante em todas as localidades do município. Em algumas comunidades, a estiagem tem efeitos mais brandos, enquanto em outras a situação é crítica devido à ausência total de precipitação desde dezembro. “As perdas estimadas são irreversíveis e podem ser agravadas caso as condições climáticas adversas persistam”, alerta Roger Terra de Moraes.

A administração municipal segue monitorando a situação e reforçando ações emergenciais para mitigar os impactos da estiagem, garantindo suporte aos produtores rurais e à população. A Prefeitura de Soledade também mantém contato com órgãos estaduais e federais em busca de mais recursos para enfrentar os desafios impostos pela estiagem.

O prefeito Paulo Ricardo Cattaneo expressa sua preocupação com a situação da estiagem e seus impactos na população. “Estamos enfrentando um momento muito difícil, e a falta de chuvas afeta diretamente nossa economia e a qualidade de vida dos soledadenses. A prefeitura está empenhada em buscar soluções e alternativas para minimizar os efeitos dessa estiagem severa, garantindo suporte aos agricultores e às famílias mais atingidas”, finaliza o prefeito.