Camila dos Santos Ortiz
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Introdução
A Educação Infantil é de suma importância para a formação dos professores das séries iniciais da educação básica, pois garante saberes indispensáveis à docência nesse nível de ensino. A Educação Infantil, em si, foi criada com o objetivo de atender às mudanças trazidas pela industrialização e pela inserção de mulheres no mercado de trabalho. As creches surgiram, então, para oferecer uma opção muito mais de cuidados que de educação para as crianças das camadas populares. Dessa forma, inicialmente essas instituições apresentavam um caráter religioso, tinham natureza filantrópica e um discurso predominantemente higienista. Ao longo da história, o discurso pedagógico foi se modificando e a educação infantil passou a ser entendida como um espaço de educação e cuidado. Cuidar e educar passam a ser considerados duas funções indispensáveis dessa primeira fase da educação básica, e a proposta apresentada, amparada nos documentos oficiais e na legislação vigente, entende a criança como um sujeito social e que a função de educar se dá, oferecendo às crianças condições para que as aprendizagens ocorram tanto nas brincadeiras e interações sociais quanto nas situações pedagógicas intencionais orientadas pelos adultos. Um dos desafios para o profissional da Educação é oferecer um ensino de qualidade e impulsionar uma equipe de alunos, de forma criativa, através da participação de todos os integrantes. O desenvolvimento da criança é um processo contínuo e dinâmico. No ambiente escolar, são pensadas estratégias de ensino que buscam a participação de todos os alunos, são procurados cursos de formação docente que tratem sobre ludicidade. O professor é responsável por orientar a atividade lúdica na Educação Infantil como uma necessidade que pode ser efetivada por todos, independentemente de sua condição, dentre outras responsabilidades. A importância do brincar: Estimula o desenvolvimento integral da criança, favorece a aprendizagem de forma prazerosa, permite que a criança se expresse e construa normas para si e para os outros, contribui para a formação da personalidade, promove a construção de relações sociais, ajuda a criar significados para objetos e espaços.
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Objetivo Geral
Ampliar o conhecimento sobre a contribuição da ludicidade na Educação Infantil, e entender como se constroem e reconstroem as soluções para problemas que se apresentam no cotidiano do docente, assim como identificar quais as práticas usadas para tais problemáticas. O brincar na educação infantil tem como objetivo desenvolver habilidades sociais, físicas, cognitivas, emocionais e psicomotoras. É também uma forma de estimular a criatividade e a imaginação das crianças.
O olhar do professor para o ato de brincar
Um ambiente escolar organizado deve promover para a criança: identidade pessoal, desenvolvimento da competência, oportunidade de crescimento, segurança, confiança e contato social. Cabe à escola possibilitar o desenvolvimento da competência de maneira que a criança possa interagir com o ambiente de forma desafiadora. A identidade pessoal deve estar ligada à noção de identidade de lugar, para que a criança desenvolva sua individualidade e participe das decisões sobre as organizações dos espaços. A atuação da educação infantil no turno regular está presente na legislação brasileira que hoje é regulamentada pela Lei de Diretrizes e Bases 9.394/96, que a institui como componente curricular obrigatório. A lei insere a educação infantil ao sistema educacional e estabelece formas de organização no atendimento às crianças de 0 até 6 anos de idade. Cabe ao professor, em sua prática, ser um dos colaboradores para mediar a ludicidade e o brincar para os alunos, trabalhar em prol da melhoria da qualidade de vida, desenvolver um espírito competitivo, dentre outras demandas. A aprendizagem, o desenvolvimento de habilidades e outras questões relevantes no dia a dia da sala de aula, como as brincadeiras, apresentam todas as características necessárias para o envolvimento do educando. A escrita e os jogos de palavras são importantes aliados, no entanto, o storytelling — a contação de histórias é, sem dúvida, uma das mais importantes ferramentas para o aprendizado. As narrativas proporcionam situações lúdicas de aquisição imediata. O uso de narrativa na sala de aula cria um bom ambiente de aprendizagem e fornece contribuição significativa e compreensível. Por meio das histórias, o dispositivo de aquisição de idioma é ativado e é fácil para as crianças induzirem a linguagem elementos dos dados fornecidos pelas histórias (KRASHEN, 1981). Contar histórias tem valores pedagógicos especiais para a sala de aula.
O ato de brincar
O ato de brincar é um importante recurso educativo e apresenta grande relevância no currículo escolar. Logo, entende-se que todos aqueles que lidam com a infância precisam saber a respeito da influência dos jogos e das brincadeiras sobre o desenvolvimento social, cognitivo e afetivo da criança, de maneira positiva, visto que ela proporciona inúmeros benefícios, desenvolve a identidade, gera autonomia e, ainda, transmite a cultura. Jean Piaget (apud Bomtempo, 2008) afirma que o ato de brincar requer o desenvolvimento da imaginação e da criatividade da criança, de modo a impulsionar o pensamento simbólico. Vygotsky (2000) vê o brincar como uma ajuda para o desenvolvimento de habilidades, o qual separa o pensamento das ações, assumindo, assim, regras para se apropriar do faz-de-conta. Neste sentido, as brincadeiras e os jogos também se apresentam relevantes ao país, visto que essas atividades são fundamentais para o crescimento e o desenvolvimento do indivíduo. Ademais, elas possibilitam o descobrimento a criança, transformando-a num explorador do mundo, ajudando a compreender e se posicionar sobre si mesma e a sociedade. O brincar abre as portas de um mundo fantástico onde o sonho e magia governam. O brinquedo é condutor do processo. Ele assegura a realização por meio e fim. O papel da brincadeira na educação infantil tem grande relevância, pois a brincadeira é uma parte fundamental da aprendizagem e desenvolvimento da criança, momento em que ela exercita todos os seus direitos e estabelece contato com os campos de experiência, como protagonista de seu desenvolvimento.
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Considerações Finais
O espaço escolar é fundamental, pois se trata de um ambiente extremamente favorável à observação. Esse procedimento faz do professor um pesquisador, pois ele pode registrar o que vê. Assim, a infância serve para designar o período de vida da criança caracterizado por seus principais e primeiros desenvolvimentos. São fundamentais, nessa fase, práticas envolvendo brincadeiras pois são elas que dão à criança a possibilidade de emitir o conhecido e construir o novo, conforme ela reconstrói o cenário necessário para que sua fantasia se aproxime da realidade. Brincar, antes de qualquer conjectura, é passear pelo universo da descoberta, da pesquisa e do senso crítico. Assim, é possível identificar a sintonia entre a fundamentação prática e a fundamentação teórica, bem como a suma importância da proximidade dos envolvidos no cotidiano da criança, para que os vínculos sejam estendidos e ela seja mais bem compreendida. Reconhecer o brincar como ferramenta educacional, fazer uso desse recurso pedagógico em sala de aula, é dever do educador. Por meio das brincadeiras, elas exploram o mundo ao seu redor, aprendem a resolver problemas, desenvolvem habilidades sociais e fortalecem laços emocionais. A prática é fundamental para estimular a criatividade e a imaginação das crianças, permitindo-lhes expressar-se de maneira saudável e inventiva.
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Referências
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BARRETO, V. Paulo Freire para educadores. 6 ed. São Paulo: Arte e Ciência, 2004.
BARROS, F. Cadê o Brincar: da Educação Infantil para o Ensino Fundamental. São Paulo: UNESP, 2009
BÉDARD, Nicole. Como Interpretar os Desenhos das Crianças. Tradução: Maria Lucia de Carvalho Accacio. Editora Isis Ltda, 2010.
BELTHER, Josilda Maria. Educação Infantil. São Paulo. Pearson Education do Brasil, 2017.
BRASIL. Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil. Brasília: MEC, 1998. (v. 02)
BROUGÈRE, G. Brinquedo e Cultura. São Paulo: Cortez, 2006
KRAEMER, M. et al. Fios e desafios da pesquisa. 9 ed. São Paulo: Papirus, 2007a.
KRAEMER, M. Quando brincar é aprender. São Paulo: Loyola, 2007b.