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Artigo: Educação Especial e a Neuropsicopedagogia na inclusão escolar

Por Denize Del Osbel Pozzebom

RESUMO – O presente trabalho de pesquisa bibliográfica teve por finalidade fazer uma reflexão sobre o papel da neuropsicopedagogia e da educação especial na aprendizagem nas escolas e na sociedade, bem como sua extrema importância enquanto mediadoras da aprendizagem e socialização. O intuito deste trabalho também foi levantar discussões sobre a inclusão escolar e aprendizagem de caráter mais significativo e sobre como reformular o papel do professor e dos alunos enquanto os principais envolvidos neste processo de aprendizado e desenvolvimento da aprendizagem. Com base em artigos e livros sobre os mais variados aspectos da Educação Especial e Neuropsicopedagogia, pôde-se perceber que é possível estabelecer uma relação destas com outras áreas de estudo, pois a educação especial e a neuropsicopedagogia tem uma importância muito relevante na escola. Ressalta-se também a necessidade de preparo de professores e de mais políticas públicas em defesa da inclusão para assim quebrarmos várias barreiras que ainda existem na inclusão escolar pois entende-se que quando aplicada de forma adequada, a educação especial e a neuropsicopedagogia tem um poder de transformação enorme para com o aluno, podendo proporcionar grandes mudanças na forma de ensinar e de aprender de cada indivíduo, tornando o processo de inclusão como um grande viés para a educação especial e neuropsicopedagogia. 

PALAVRAS-CHAVE: Educação especial, Neuropsicopedagogia, Inclusão escolar, Professor, Escola.

1       INTRODUÇÃO

A Educação Especial ainda é considerada uma área relativamente nova, pois foi implantada nas escolas há apenas 28 anos no Brasil, sendo assim, ministrar a disciplina de Educação Especial não é tarefa fácil, pois além de ser uma área nova, a maioria das escolas e professores ainda não estão completamente preparados para receber esses alunos, uma vez que ainda falta investimento e apoio do poder público e também da sociedade em geral.

A Neuropsicopedagogia surgiu há pouco tempo no Brasil mais precisamente em 2008, e é uma área multidisciplinar que se ocupa em tratar e solucionar dificuldades cognitivas, atua com sujeitos com ou sem deficiências, pois seu foco é aprofundar a investigação a respeito do aluno, analisando como ocorre o processo de aprendizagem do mesmo e buscando então alternativas e estratégias para este aluno aprender.

Diante disso, trabalhar nestas duas áreas é um tanto desafiador, pois são duas áreas do conhecimento que exigem profissionais capacitados e engajados na aprendizagem, além de demandar uma grande dedicação dos profissionais na busca de estratégias e metodologias eficazes, que promovam a evolução dos alunos especiais e/ou aqueles com dificuldades de aprendizagem.

Sendo assim, o presente trabalho buscou abordar reflexões sobre a Educação Especial e a Neuropsicopedagogia na escola e na sociedade, ressaltando a importância das mesmas no convívio social e aprendizado dos alunos, além de destacar a necessidade da escola e do professor estarem bem preparados para atender as demandas escolares dos alunos, buscando alcançar os objetivos, que é garantir a inclusão social, além de permitir que os alunos especiais ou com dificuldades de aprendizagem aprendam e evoluam ao seu modo e tempo, respeitando e acolhendo a cada um.

O papel do professor de educação especial ou neuropsicopedagogo em um primeiro momento é acolher e investigar, e fazer com que aquele aluno se sinta seguro no ambiente escolar, pois o vínculo do aluno com o professor é primordial para que haja uma relação de confiança e também para que ambos obtenham sucesso no decorrer do aprendizado e socialização.

O tema pesquisado foi escolhido ao longo da formação da pós graduação em educação especial e neuropsicopedagogia, onde começaram a surgir questionamentos sobre qual seria a melhor metodologia a ser aplicada, sempre levando em consideração o aluno em questão, uma vez que a educação especial e a neuropisicopedagogia são de suma importância no processo de aprendizagem, tendo em vista que o professor de educação especial e/ou neuropsicopedagogo usa de várias ferramentas pedagógicas para saber qual o melhor método a ser aplicado com cada aluno em específico e a partir daí desenvolver uma relação de confiança e afinidade para com o aluno e assim conseguir desenvolver seu trabalho da melhor maneira possível.

Sabe-se que em relação a aprendizagem, cada aluno tem sua aptidão, pois cada caso é específico, sendo assim é preciso que o professor tenha um olhar sensível, pois todo ser humano é único, sendo que cada um se expressa e constrói habilidades à sua maneira, uns se expressam melhor em desenhos, outros em trabalhos e palavras, sendo que todas essas atividades auxiliam e desenvolvem a coordenação motora, raciocínio sensório e muito mais, despertando sentimentos e emoções, permitindo que o aluno se sinta como parte do meio escolar.

Diante disso, o objetivo geral deste trabalho é demonstrar a importância da educação especial, neuropsicopedagogia e a inclusão na escola, sociedade, família e na vida dos alunos, pois elas trazem grandes oportunidades de desenvolvimento da socialização e da aprendizagem dos alunos, uma vez que permitem ampliarem o conhecimento, além de potencializar a descoberta das habilidades individuais de cada um, fazendo com que os alunos especiais e/ou com dificuldades de aprendizagem desenvolvam uma mente livre para criar e mudar sua visão de mundo. Haja visto que na área da educação não se deve ter a preocupação de perfeição, mas sim favorecer o acesso às diferentes formas de visão de mundo para aquele aluno especial que tem alguma deficiência e/ou dificuldade de aprendizagem e que precisa de ajuda, para evoluir no processo de aprendizagem, pois cada indivíduo tem sua maneira própria de aprender e não investigar o contexto em que esse aluno está inserido, é sem dúvida, ignorar e menosprezar suas capacidades, desta forma cabe ao professor de educação especial e neuropsicopedagogo pensar no aluno como um ser que cria e recria, e saber que cada um desenvolve suas habilidades conforme sua potencialidade, para que assim possa extrair dele a sua máxima capacidade.

Este estudo teve como base uma fundamentação bibliográfica onde buscou-se alcançar os objetivos propostos. Seguindo uma linha de pensamento dos autores pesquisados, procurou-se obter uma melhor compreensão da importância da inclusão nas escolas e na aprendizagem do aluno especial e/ou com dificuldades de aprendizagem.

2       DESENVOLVIMENTO

2.1 A EDUCAÇÃO ESPECIAL E A NEUROPSICOPEDAGOGIA COMO FORMA DE INCLUSÃO

Porfírio (2023), nos diz que:

Inclusão social é o ato de incluir na sociedade categorias de pessoas historicamente excluídas do processo de socialização, como negros, indígenas, pessoas com necessidades especiais, homossexuais, travestis e transgêneros, bem como aqueles em situação de vulnerabilidade socioeconômica, como moradores de rua e pessoas de baixa renda.

[…] Na Sociologia, dizemos que a inclusão social é uma medida de controle social, ou seja, ela atua como meio de integração entre administração pública e sociedade a fim de solucionar conflitos e resolver problemas resultantes da formação da sociedade capitalista.

Sendo assim, a educação especial e a neuropsicopedagogia são fatores muito importantes no processo de inclusão social, pois além da socialização elas possibilitam que os alunos especiais interajam e reflitam acerca das diferentes culturas em que estão inseridos, desta forma, a educação especial propicia uma troca de saberes enriquecedora e gratificante, permitindo que os alunos com deficiência ampliem seu conhecimento e descubram suas potencialidades e habilidades que até então estavam adormecidas, já a neuropsicopedagogia compreende que estar atento aos indícios de alerta que indicam que o aluno está com alguma dificuldade na cognição é de suma importância, pois observar, analisar e ter um olhar contextualizado sobre o aluno faz com que haja evolução no caso.

A neuropsicopedagogia é uma ciência transdisciplinar, fundamentada nos conhecimentos das Neurociências aplicada à educação, com interfaces da Pedagogia e Psicologia cognitiva que tem como objeto formal de estudo a relação entre o funcionamento do sistema nervoso e a aprendizagem humana numa perspectiva de reintegração pessoal, social e educacional (SBNPp, p. 4, 2016).

A neuropsicopedagogia é uma ciência muito recente no âmbito escolar e na sociedade, uma nova área de conhecimento que está voltada para a compreensão e intervenção das dificuldades de aprendizagem do aluno, sendo que esta faz a ligação entre a educação e a saúde, intervindo e buscando respostas para as dificuldades de aprendizagem.

Conforme Simão, Corrêa e Ferrandini (2020):

Assim o profissional Neuropsicopedagogo poderia auxiliar tanto o professor de escolas públicas (salas comuns ou recursos) quanto de escolas privadas a encontrar melhores formas de sanar questões ocorridas em sala, seja de cunho cognitivo, emocional e/ou social. Inclusive em pensar em alunos que apresentem deficiências intelectuais, ou transtornos significativos no comportamento em âmbito escolar, auxiliando o professor na adoção de práticas inclusivas de educação. A equipe pedagógica, oficinas socioeducativas poderiam ser ministradas, a fim de ampliar o conhecimento de todos acerca de temas pertinentes à educação, e evidenciar técnicas e instrumentos que teriam mais assertividade em sala de aula. E, não menos importante, munir os responsáveis pelas crianças sobre informações oportunas acerca da problemática que as acomete, sinalizando formas de auxiliar e diminuir comportamentos não adaptativos desde suas casas.

Todos os profissionais da educação precisam ter esse olhar diferenciado para com o aluno que aparenta alguma dificuldade, seja ela qual for e também estar atento a mudanças repentinas, sempre buscando investigar o que realmente está acontecendo com aquele aluno em específico, e assim buscar ajuda de outros profissionais como o neuropsicopedagogo, para que possam também investigar e agregar na aprendizagem e evolução do aluno, buscando novas metodologias e técnicas a serem aplicadas.

Conforme Fonseca (1995, p. 37):

Constitui verdade inquestionável o fato de que a todo momento, as diferenças entre os homens fazem-se presente, mostrando e demonstrando que existem grupos humanos dotados de especificidades irredutíveis. As pessoas são diferentes de fato, em relação a cor da pele e dos olhos, quanto ao gênero e a sua orientação sexual, com referência as origens familiares e regionais, nos hábitos e gostos, no tocante ao estilo. Em resumo, os seres humanos são diferentes, pertencem a grupos variados, convivem e desenvolvem-se em culturas distintas. São então diferentes de direitos. E o chamado direito a diferença; o direito de ser, sendo diferente.

Seguindo a linha de pensamento do autor, podemos entender que os seres humanos por natureza são diferentes e são essas diferenças que nos fazem ver que cada ser humano é único, pois mesmo os alunos com deficiência, possuindo o mesmo laudo, não são iguais, pois cada ser humano é singular e cada um desenvolve suas habilidades a sua maneira.

De acordo com Mantoan (2003, p.11):

A escola se entupiu de formalismo da racionalidade e cindiu-se em modalidades de ensino, tipos de serviços, grades curriculares, burocracia. Uma ruptura de base em sua estrutura organizacional, como propõe a inclusão, é uma saída para que a escola possa fluir, novamente, espalhando a sua ação formadora por todos dos que dela participam.

A inclusão nas escolas ainda amedronta muitos profissionais por não estarem preparados para receberem estes alunos com deficiência, inclusive a escola em si como estrutura física. Ainda falta apoio das políticas públicas e da sociedade como um todo para que os avanços possam acontecer, pois a inclusão tem um papel transformador na escola, além da socialização destes alunos que ali são inseridos. Há algo mais importante, pois quebram-se tabus e preconceitos no ambiente escolar, tendo em vista que a escola toda aprende a respeitar essa diversidade e também adquire conhecimento com os alunos especiais.

É preciso que a sociedade num todo se mobilize e coopere para que essas diferenças venham a revelar outras habilidades que este aluno com deficiência traz consigo.

Conforme nos diz Werneck (1999, p. 93):

A concepção da Educação inclusiva é algo novo e que ganhou força a partir da Declaração de Salamanca (1994) que propôs que os alunos com deficiências e transtornos específicos fossem atendidos em Escolas de ensino Regulares impondo que as mesmas se adequassem ao aluno e não ele as escolas.

Santos e Batista (2015, p. 2), nos dizem que:

[…]Uma sociedade inclusiva é aquela capaz de contemplar, sempre, todas as condições humanas, encontrando meios para que cada cidadão do mais privilegiado ao mais comprometido, exerça o direito de contribuir com seu melhor talento para o bem comum.

Como citado anteriormente, o direito a inclusão ganhou força a partir da Declaração de Salamanca, e é dever das escolas se adequarem para melhor receber esses alunos com deficiência, tornando a escola um ambiente inclusivo e acolhedor, fazendo com que este aluno se sinta à vontade no ambiente escolar e possa progredir, transformando suas diferenças em habilidades no aprendizado. Mesmo que o enfoque da inclusão seja no desenvolvimento da aprendizagem, o professor de educação especial precisa avaliar este processo como um todo, bem como o meio em que o aluno está inserido, para que assim seja capaz de derrubar paradigmas e obstáculos que impedem esse aluno no processo de aprendizagem, buscando assim, a maneira mais adequada e a melhor metodologia para que este aluno com deficiência desenvolva sua aprendizagem em todas as dimensões.

Sabemos que o meio em que o aluno está inserido influencia no seu processo de aprendizagem, pois de acordo com Weiss (2012, p.17):

A escola não é isolada do sistema socioeconômico, mas pelo contrário, é um reflexo dele. Portanto, a possibilidade de absorção de certos conhecimentos pelo aluno dependerá, em parte, de como essas informações lhe chegaram, lhe foram ensinadas, o que por sua vez dependerá, nessa cadeia, das condições sociais que determinaram a qualidade do ensino.

O aluno quando ingressa na escola, já carrega consigo uma bagagem de aprendizagem do seu meio de convivência, pois todo ser humano traz junto de si as influências que a sociedade e o meio em que ele está inserido o ensinou. Cabe ao professor de educação especial descobrir como esse aluno especial produz o conhecimento, conhecendo seu meio e sua família e compreendendo o processo de aprendizagem deste aluno, fazendo o uso de várias estratégias para obter sucesso durante o desenvolvimento do conhecimento.

Conforme Zoccoli (2012, p.173):

As políticas educacionais no Brasil são fortemente influenciadas pelo ideário da classe dominante: condicionadas e direcionadas, inclusive por organismos internacionais, para a formação de profissionais que atendam às necessidades do sistema em diferentes níveis, tecnicizando, tornando alienante essa formação. É motivo de revolta dos educadores brasileiros quando é negada a sua participação para a transformação social pelas práticas pedagógicas de forma crítica. Essas práticas têm por objetivo proporcionar aos estudantes formação para que sejam cidadãos ativos em busca dessa transformação, desconsiderando também a realidade, dando forças a reprodução, esvaziando-se do seu compromisso político e social que o momento exige e imputando a ele o cargo de “executor” de tarefas.

Diversas situações educacionais têm se vivido na educação brasileira, sendo que a evolução da educação depende da sociedade e a escola tem como dever acompanhar essas mudanças da sociedade, pois não basta apenas formar acadêmicos, também é necessário evoluir, e formar cidadãos conscientes e críticos. O intuito e o grande desafio da educação inclusiva é dar respostas as diferenças e igualdade de oportunidades, onde todos sejam respeitados perante a diversidade e possam conquistar e exercer a sua cidadania, pois muito mais que oferecer um espaço físico para os alunos com necessidades especiais é dever da sociedade respeitar e compreender as habilidades de cada aluno especial. Pois ainda existem muitos alunos com deficiência fora da escola e excluídos pela sociedade, sendo assim, é preciso reconhecer isso, buscando alternativas para inserir estes indivíduos no meio escolar. Há muito o que se fazer na prática para garantir uma educação pública para todos com igualdade e respeito.

Mendes (2010, p. 35), fala que:

[…] futuro da educação inclusiva em nosso país dependerá de um esforço coletivo, que obrigará uma revisão na postura de pesquisadores, políticos, prestadores de serviços, familiares e indivíduos com necessidades educacionais especiais para trabalhar numa meta comum que seria a de garantir uma educação melhor para todos.

A procura pela escola de alunos especiais tem aumentado nestes últimos anos devido a inclusão social, mas mesmo assim estamos longe de atingirmos a todos aqueles que tem deficiência, pois a escola e a sociedade dependem muito de políticas públicas sólidas para garantir uma educação de qualidade para todos. Para uma inclusão de sucesso, primeiramente deve haver uma conscientização familiar, sendo que este é o primeiro passo, tendo em vista que a família e a escola devem caminhar juntas buscando alternativas e cobrando do poder público soluções para uma educação de qualidade e igualitária para todos.

De acordo com Díaz-Rodríguez (2011, p. 83), a aprendizagem é:

Um processo mediante o qual o indivíduo adquire informações, conhecimentos, habilidades, atitudes, valores, para construir de modo progressivo e interminável suas representações do interno (o que pertence a ele) e do externo (o que está ‘’fora’’ dele) numa constante inter-relação biopsicossocial com seu meio e fundamentalmente na infância, através da ajuda proporcionada pelos outros.

O ato de aprender é algo inerente ao ser humano desde a infância, pois estamos em constante processo de aprendizagem, tanto em relação ao mundo da educação, como a tudo que acontecer ao nosso redor. Sendo assim, a aprendizagem se caracteriza por ser um processo de evolução e transformação. A aprendizagem muda os conceitos do aprendiz e a sua maneira de ver essa transformação do não –aprender com a do aprender. Por isso a importância da neuropsicopedagogia que vem colaborar juntamente com outros profissionais na intervenção escolar, aplicando iniciativas para o aluno que tem dificuldades de aprendizagem superar obstáculos na construção do conhecimento.

2.2 O ENSINO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL

De acordo com Freire (1996, p.18):

A curiosidade como inquietação indagadora, como inclinação ao desvelamento de algo, como pergunta verbalizada ou não, como procura de esclarecimento, como sinal de atenção que sugere e alerta faz parte integrante do fenômeno vital. Não haveria criatividade sem a curiosidade que nos move e que nos põe pacientemente impacientes diante do mundo que não fizemos, acrescentando a ele algo que fazemos.

Diante disso, entendemos que o professor de educação especial precisa gostar de atuar nessa área de conhecimento e estar preparado para inovar, buscando sempre atender as necessidades de seus alunos, além de ser necessário que este trabalhe com diversas metodologias, mantendo-se ativo e curioso, para que possa estar em uma constante evolução e contribuindo de maneira efetiva para o processo de construção de conhecimento dos seus alunos, exercendo assim, de maneira efetiva o seu papel como agente transformador da sociedade.

Glat e Fernandes (2005, p. 1) dizem que:

[…] a Educação Especial que por muito tempo configurou-se como um sistema paralelo de ensino, vem redimensionando o seu papel, antes restrito ao atendimento direto dos educandos com necessidades especiais, para atuar, prioritariamente como suporte à escola regular no recebimento deste alunado.

Ou seja, podemos perceber que a educação especial passou a ser uma importante ferramenta de socialização, pois anteriormente, apesar de receberem atendimento educacional, os portadores de necessidades especiais ainda mantinham-se excluídos, uma vez que recebiam atendimento em separado dos demais alunos, porém com o passar do tempo essa realidade foi se adaptando às evoluções educacionais e então esses alunos passaram a estar na sala de aula juntamente com os demais e os educadores de educação especial precisaram adaptar-se à essa realidade, para que assim possam promover uma educação de fato inclusiva.

É de suma importância que as escolas e os profissionais estejam aptos e preparados para receber os alunos com deficiência, pois somente com condições de estrutura e ensino é que a inclusão pode ocorrer de fato, conforme nos dizem Prieto e Souza (2006, p. 188):

Ainda que o atendimento educacional de alunos com deficiência mental preferencialmente deva se dar na rede regular de ensino (cf. art. 208, inciso III, CF/88), atender a esse objetivo não é meramente viabilizar seu acesso ao ensino regular. É também garantir sua permanência na escola, com condições de ensino que, de fato, respondam às suas necessidades educacionais específicas.

Portanto, a inclusão dos alunos deficientes mentais na escola regular só se realiza, de fato, se houver respeito à diferença, evidenciado pela interação com as possibilidades e limitações desse alunado, por meio de práticas pedagógicas que estimulem o seu desenvolvimento.

Sendo assim, podemos entender que a educação especial é uma ferramenta importantíssima na construção de uma sociedade mais inclusiva, mas é preciso a colaboração de todos, para que isso de fato aconteça. É o que nos fala Omote (2003, p. 154-155):

Temos insistido na necessidade de assumir como meta a construção de uma sociedade inclusiva. A escola inclusiva é apenas parte desse empreendimento maior. Portanto, fica posta a primeira questão: todos os profissionais e cidadãos necessitam ser formados na perspectiva da inclusão e não apenas os educadores. Não se pode admitir que a inclusão seja preocupação apenas dos estudiosos e profissionais da área de educação especial. A inclusão precisa necessariamente ser um dos eixos norteadores de qualquer discussão sobre as atividades humanas de qualquer natureza.

3       CONCLUSÃO

Esta pesquisa foi de extrema importância por discutir e estudar sobre os temas que envolvem a Educação Especial, a Neuropsicopedagogia e a inclusão escolar no processo de aprendizagem e socialização, de modo que o professor de educação especial ou neuropsicopedagogo tenha repertório para poder pensar em estratégias de ensino coerentes com a realidade de cada aluno, para que assim ele possa superar suas diferenças, transformando-as em habilidades para a aprendizagem.

É necessário saber diferenciar todos os contextos que existem e que podem ser explorados nas áreas de educação especial e neuropsicopedagogia de modo criativo e atual, pois elas contribuem no desenvolvimento da socialização e aprendizagem, da criatividade, da autonomia e da espontaneidade, derrubando barreiras e preconceitos que impedem o aluno especial e/ou com dificuldade de aprendizagem de progredir.

A inclusão escolar veio com o propósito de quebrar tabus e proporcionar variadas possibilidades de aprendizagem na vida dos alunos com deficiência e/ou dificuldades de aprendizagem, por isso deve ser percebida como forma de construção de conhecimento, de compreensão do mundo e exteriorização de sentimentos e emoções. Assim sendo, ela é uma área de conhecimento de muita relevância, por permitir que os alunos vivenciem suas experiências, quebrem barreiras, expressem-se, ampliem o conhecimento, desenvolvam o pensamento criativo e estético e acima de tudo percebam que existem muitas possibilidades de aprender.

Através do presente estudo foi possível observar que fica notável que uma das grandes dificuldades encontradas no ensino é o uso das metodologias padrão, as quais muitas vezes são as responsáveis pelo bloqueio de aprendizagem dos alunos. Diante disso, cabe ao professor de educação especial e/ou neuropsicopedagogo e a escola transporem essas barreiras, sendo mediadores da aprendizagem, interagindo com os alunos, observando-os e motivando-os a ter prazer em aprender, despertando-lhes o interesse pelas atividades propostas, desenvolvendo assim as habilidades e potencialidades deste aluno.

Constatou-se durante o desenvolvimento deste trabalho, a existência de uma grande diversidade no que se refere a atividades que envolvem a aprendizagem. Bem como, a necessidade de se reconhecer a fundamental importância da inclusão na formação das crianças em seus aspectos cognitivo, emocional, cultural, intelectual e social.

Diante de todas as leituras, percebeu-se que ainda há muito para ser feito no campo da educação especial e neuropsicopedagogia tendo em vista que está sendo trilhado um caminho para a constante melhoria dessas áreas tão importantes e eficazes na aprendizagem, apesar de que ainda existe o pensamento de alguns educadores e sociedade em geral que a inclusão não é relevante para o processo de aprendizagem dos alunos. Porém, é necessário entender que sem ela não atingiremos um desenvolvimento sólido dos nossos alunos, mas para isso, é preciso salientar que os professores atuantes na área da educação especial e/ou neuropsicopedagogia vão precisar de uma formação continuada para estarem aptos e capacitados para atuarem nessas áreas com precisão.

Sendo assim, é preciso pensar e propor estratégias atuais, a partir das quais os alunos aprendam a elaborar seu processo de aprendizagem de modo coerente com as suas condições e limitações. Tendo em vista que com a globalização, as mudanças acontecem rapidamente e por isso é necessário que os educadores e também os alunos estejam sempre atualizados a respeito do mundo que os cerca.

Conclui-se que este trabalho teve por finalidade destacar a importância da educação especial  e neuropsicopedagogia no processo de aprendizagem,  cognição, socialização e na vida dos alunos especiais e/ou com alguma dificuldade de aprendizagem, além de mostrar que o educador precisa inovar e incentivar seus alunos a serem sujeitos pensantes, críticos e criadores e que a sua deficiência e/ou dificuldade de aprendizagem seja ela qual for, não o impedirá de estar inserido na sociedade, participando e sendo um ser notável, atuante como cidadão, sendo ouvido e respeitado com suas diferenças. Portanto, foi possível constatar que o ensino na educação especial e neuropsicopedagogia é algo potente e transformador e que a escola e as políticas públicas precisam adequar suas práticas, ofertando um ensino atual e consistente, que condiga com a realidade do aluno com deficiência.

4       REFERÊNCIAS

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MENDES, Enicéia Gonçalves. Inclusão marco zero-começando pelas creches. Junqueira&Marin Editores, 2010;

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