* Tais da Silva de Quadros Casagrande
1 INTRODUÇÃO
Com o processo de secagem de lagos, lagoas, riachos e corpos de águas marinhas, há aproximadamente 450 milhões de anos, as algas verdes desenvolveram estratégias de sobrevivência, adaptando-se ao ambiente terrestre. Foi a partir daí que houve o surgimento das pteridófitas utilizado em botânica para designar um grupo de plantas onde a geração mais representativa é o esporófito e é popularmente denominado por samambaias e avencas (PEREIRA, 1999). As pteridófitas, são também chamadas de plantas vasculares sem sementes, possuindo a presença de xilema e floema (vasos condutores) e a ausência de sementes, sendo que essa característica surge apenas nas gimnospermas.
As pteridófitas podem ser terrestres, epífitas (plantas que vivem sobre outras plantas), rupícolas (vivem sobre paredes, muros e rochas) e aquáticas, porém na maioria vivem em locais úmidos em solos que são capazes de reter mais umidade, característica que facilita sua reprodução. Sua maioria é de porte herbáceo, embora algumas têm porte arborescente, como os representantes das famílias Cyatheaceae e Dicksoniaceae, e algumas Blechnaceae e Dryopteridaceae.
O Brasil tem um território de aproximadamente 8.516.000 km², com uma abundante fauna e flora fazendo parte de seu ecossistema, com inúmeras amostras das mais variadas espécies. Em relação as pteridófitas, Prado (2003) estimou que no país ocorra um total de 1.300 espécies, das quais cerca de 550 são encontradas na região Amazônica entre 0 e 500 m de altitude, sendo que mundialmente existem mais de 10 000 espécies.
Nessas plantas observa-se a presença de raízes, caule e folhas. Suas raízes atuam na fixação da planta ao substrato e na retirada de nutrientes e água do solo. O caule é uma estrutura que garante a sustentação das folhas e estas, estão relacionadas com a realização da fotossíntese.
Segundo Moran (1995 b), as montanhas promovem grande riqueza de espécies de pteridófitas. Sendo que isso pode ser observado em todo o mundo onde todos os países ou regiões com mais de 500 espécies de pteridófitas são montanhosos. No Brasil, elas podem ser encontradas em caatingas, manguezais, planície amazônica e em florestas pluviais de encosta, junto à porção leste do país (WINDISCH, 1992). No sul do Brasil, a maior diversidade de pteridófitas encontra-se em áreas florestais, sendo que a floresta ombrófila densa e a floresta ombrófila mista são as que apresentam maior riqueza específica (SEHNEM, 1979).
No Brasil, segundo Barros & Sylvestre (1999), a região Centro-Oeste conta com cerca de 300 espécies de pteridófitas, a região Sul com aproximadamente 550 espécies, região Sudeste com aproximadamente 600 espécies e a região nordeste com aproximadamente 300 espécies, divergindo da estimativa de Prado (2003), que o Brasil possui aproximadamente 1300 espécies.
No decorrer de sua evolução, as pteridófitas apresentam diversos ajustes quanto ao substrato, formas de vida e ambientes preferenciais, contendo plantas que exibem formas terrícolas, epífitas, rupícolas, aquáticas, hemiepífitase com inúmeras variações em relação ao seu tamanho.
Além disso, adaptações para sobrevivência em períodos secos, excessivamente frios, a queimadas, a inundações e também em ambientes salinos, ácidos e básicos (WINDISCH, 1992). Sendo que, por essas adaptações, as pteridófitas mantiveram-se em grande variedade de ambientes, ocorrendo nas mais diversas regiões da Terra, dos trópicos até próximo dos círculos polares (PAGE, 1979).
Outra característica Desse grupo é a capacidade de sintetizar a lignina, que permite maior rigidez às células dos tecidos de sustentação e de condução, fazendo com que as plantas possam tornar-se capazes de alcançar grandes alturas, uma característica não observada nas briófitas.
Segundo o Departamento de Botânica da UFMG, as montanhas possibilitam grande concentração de espécies de pteridófitas, sendo que observa-se que as regiões ricas em diversidade e endemismo coincidem com as regiões montanhosas no Neotrópico. As causas que possibilitam a colonização por grupos diversos de pteridófitas nessas áreas, provavelmente resultam da variedade de ambientes criados por diferentes tipos de solos, rochas, elevações, inclinações, exposições à luz e microclimas.
Em áreas florestais, existe uma forte correlação entre as pteridófitas e as outras plantas, pois essas lhes provêm condições de proteção e sobrevivência. Apesar desta dependência, em algumas florestas neotropicais, foi demonstrado que as pteridófitas representam cerca de 10% do total do número de espécies de plantas vasculares apresentando-se em maior número de espécies do que qualquer família de angiospermas herbáceas.
2 MÉTODOS
Para a realização deste, foi realizado um estudo em artigos existentes que apresentam levantamentos sobre as pteridófitas e onde são mais encontradas no Brasil. Dessa forma, após esse estudo, foi possível chegar as conclusões citadas neste trabalho. O material em si encontrado é um pouco escasso e repetitivo, mas possibilitou mesmo assim a realização deste.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após a realização deste, pode-se dizer que as pteridófitas encontradas na Flora Brasileira são conhecidas como samambaias conforme Figura 1, avencas, cavalinhas e o trevo de quatro folhas. Estas plantas têm uma grande importância ornamental, sendo muito utilizadas em paisagismo.
Em uma breve avaliação da presença das pteridófitas foi constatado segundo Prado (2003) aproximadamente 1300 espécies presentes em diferentes áreas do Brasil. Praticamente metade dessas espécies presentes na região Amazônica. Porém estudos florísticos de Barros & Sylvestre (1999) este número passa de 1700 espécies divergindo consideravelmente do primeiro autor.
PorÉm sabe-se que este resultado é fruto de estudos regionais, sendo que muitas vezes, certas regiões não os fazem, dificultando uma afirmação assertiva sobre a real quantidade de espécies presentes no Brasil.
5 CONCLUSÃO
Ao realizar esta pesquisa pode-se perceber que no Brasil, as pteridófitas podem ser encontradas em caatingas, manguezais, planície amazônica e em florestas pluviais de encosta. Estão distribuídas no centro oeste, nordeste, sudeste e sul brasileiros, encontrando mais concentração em regiões montanhosas, características do habitat mundial delas. Ocorrem em maior evidencia nos estados do Sul e Sudeste, onde são mais estudada e são normalmente utilizadas como plantas ornamentais.
Além disso, percebeu-se poucos materiais que falam sobre as pteridófitas na flora brasileira, o que dificultou um pouco a pesquisa. Os estudos são normalmente regionalizados, não abrangendo todo o país, o que sugere que mais estudos sejam realizados a fim de proporcionar um maior conhecimento sobre as pteridófitas na flora brasileira.
REFERÊNCIAS
BARROS, I.C.L.; SYLVESTRE, L.S. Estado da arte e perspectivas da pteridologia no Brasil: levantamento florístico e conservação. In: 50º Congresso Nacional de Botânica, 1999.
Moran, R. C. 1995b. In: Davidse, G., Souza, M. S. & Knapp, S. (Ed.). Flora Mesoamericana. Vol. 1. Psilotaceae a Salviniaceae. Universidad Nacional Autónoma de México, México, D.F
Page, C.N. 1979. Experimental aspects of fern Ecology. In: Dyer, A.F. (Ed.). 1979. The Experimental Biology of Ferns. London, Academic Press, pp.551-589.
PRADO, D.E. As Caatingas da América do Sul. In: LEAL, R.I.; TABARELLI, M.; SILVA, J.M.C. Ecologia e conservação da Caatinga. Ed. Universitária da UFPE, p.822, 2003.
SEHNEM, A. 1979. Semelhanças e diferenças nas formações florestais do Sul do Brasil. Acta Biologica Leopoldensia, 1: 111-135.
WINDISCH, P. G. Pteridófitas da região norte–ocidental do Estado de São Paulo: guia para estudo e excursões. 2a edição, Universidade Estadual Paulista, São José do Rio Preto, 1992, 200p.
Departamento de Botânica da UFMG. Pteridófitas: Diversidade e conservação. <Disponível em https://labs.icb.ufmg.br/pteridofitas/geral.htm> Acesso: 28 Març. 2021